Dagmar & Dana (SK)

A história da Dagmar e da Dana A DAGMAR é diretora e educadora de infância, com quase 30 anos de experiência em jardim-de-infância. Ela está sempre à procura de novas formas de resolver de problemas e melhorar as condições do ambiente de educação pré-escolar. A DANA é uma educadora de infância que coopera com a Dagmar, com 25 anos de experiência em jardim-de-infância. Ela tem uma mente aberta e está sempre interessada em inovações na sua profissão.   Elas partilham a sua história no âmbito do P2G:   Quando nos juntamos ao projeto, o Oliver já estava na nossa turma há quatro anos. Nos primeiros três anos ele faltou muitas vezes, costumava estar doente ou quando não queria vir ao jardim-de-infância, a mãe não o trazia. Ela estava em licença parental do seu segundo filho. Mas no ano passado, ela começou a trabalhar, e o Oliver simplesmente não teve escolha. Ele teve de ir para o infantário. Este estado refletia-se no seu comportamento: “Só tenho de estar aqui, tenho de me manter aqui.” Ele tomou como um mal necessário o facto de que ele tinha de sobreviver. Ele não estava interessado em jogos e mal se comunicava com as crianças e os adultos. Ele não era agressivo, mas sim apático e muitas vezes choroso. Sentava-se, observando as crianças de longe e, quando faziam barulho, tapava os ouvidos. Ele respondia aos jogos e atividades que lhe era propostso:  “Eu não quero brincar ou fazer nada. Vou sentar-me aqui à espera da minha mãe”. Isolou-se das crianças, dos adultos e do ambiente da sala.   É por isso que a primeira palavra que utilizamos para o caracterizamos foi ISOLAMENTO. Ele criou o seu próprio mundo, onde estava apenas consigo mesmo e isolado dos outros. E ele escapou para o seu próprio mundo. Portanto, a segunda palavra que o caracterizou foi o ESCAPE. Ele parecia adorar histórias sobre o Homem-Aranha, o Hulk, o Capitão América, o Batman, fantasmas e zombies. Ele reproduzia todos os diálogos dos desenhos animados e fingia ser um dos personagens acima mencionados.   Mas ele brincava sozinho. A terceira palavra foi SOLIDÃO. Ele não queria se juntar ao grupo de crianças que estavam a brincar, ele ficava apenas a observá-los, mas sem qualquer interesse. O nosso objetivo era incluí-lo e socializá-lo num grupo de crianças. Percebemos que, primeiro, é necessário construir uma relação sensível com ele, e concordamos que era isso que esperávamos do projeto P2G no caso de Oliver.   Durante as brincadeiras centradas na relação, onde a liderança do jogo é assumida pela criança, nós estabelecemos uma relação mais próxima com o Oliver. Era visível que o Oliver se sente confortável como um líder de uma brincadeira. Ocasionalmente, outras crianças juntavam-se a nós, e nessa altura a sua alegria na liderança tornava-se ainda mais evidente. Com o tempo, uma mudança no comportamento de Oliver tornou-se ainda mais evidente – ele parou de se fechar no seu próprio mundo, começou a juntar-se aos jogos e brincadeiras com as outras crianças e, além disso, ele até assumiu o papel de líder em muitos jogos/brincadeiras. Percebemos que seguir as ideias de P2G através dos passos individuais é uma forma adequada de construir uma relação sensível com uma criança, levando-a a minimizar o seu comportamento desafiador. Como dissemos no início, o Oliver estava na nossa sala há três anos e não tínhamos conseguido encontrar estratégias adequadas para ajudá-lo. No início da implementação do P2G, estávamos com dúvidas se estávamos a utilizar os procedimentos corretos, por isso verificámos as nossas respostas nas brincadeiras centradas nas relações e por vezes pareceu-nos que isto era artificial. Com a mudança de comportamento de Oliver e a nossa crescente experiência, começamos a sentir-nos mais confortáveis e confiantes nas sessões de brincadeira.   O impacto do P2G foi ótimo, o Oliver tornou-se um rapaz confiante e independente que não tem problemas em integrar-se num grupo de crianças. E nós estamos muito satisfeitas com isso. Hoje, Oliver é “caloiro” numa escola do 1º ciclo do ensino básico e ainda nos visita no jardim-de-infância e partilha connosco as suas experiências. O caso do Oliver convenceu-nos de que o P2G é a forma adequada de construir a relação sensível com a criança e, de tal forma, é uma ferramenta adequada de prevenção, bem como de intervenção quando nos deparamos com comportamentos desafiantes – a ajuda para as crianças e os/as educadoras.