Alberta (PT)

A história da Alberta

A Alberta é educadora de infância há 29 anos e trabalha numa instituição privada sem fins lucrativos (IPSS), a Creche/ Pré-Escolar de Vermoim, localizada no norte de Portugal.  Esta instituição tem uma colaboração de longa data com a Escola Superior de Educação do Porto (ESE) na preparação profissional de futuros/as educadores/as de infância. A Alberta é educadora de infância cooperante e está envolvida na supervisão dos estágios curriculares dos/as estudantes da ESE há vários anos.

O Rodrigo tinha 3 anos de idade quando foi selecionado para participar neste projeto. Os pais do Rodrigo concordaram com a sua participação, motivados pela possibilidade de apoiar o seu filho no contexto de jardim de infância, mas também motivados pela perspetiva de contribuir para ajudar outras crianças e outros/as profissionais que se debatem com comportamentos desafiantes similares ao do Rodrigo.

Durante a primeira entrevista, antes do início da implementação experimental do P2G, a Alberta explicou quais as experiências sociais que eram particularmente difíceis para o Rodrigo no contexto de sala de jardim de infância: “Aceitar as opiniões dos outros, ele tem muitas dificuldades em aceitar as opiniões dos outros, e em partilhar. E também tem dificuldades em aceitar regras, pensa que as regras não têm de existir, porque se ele quer, é assim, é a sua própria vontade que prevalece. Ele não sente a necessidade de regras para existir, ou de seguir as regras. (…) E esperar pela sua vez e aceitar a vez dos outros, muito raramente é capaz de dar a vez a outra criança”. Entretanto, na mesma entrevista, ao ser convidada a escolher três palavras que caracterizassem a relação com Rodrigo, a Alberta escolheu: afetuoso (“O Rodrigo é doce, ele é muito doce”), alegria e encorajamento (“ele é agora melhor do que era no início do ano“). Assim, apesar de experienciar dificuldades em lidar com alguns dos comportamentos e atitudes de Rodrigo, a Alberta caracterizou a sua relação com a criança de uma forma sensível e respeitosa. Esta sensibilidade e respeito demonstraram ser muito relevantes para o sucesso da implementação experimental do P2G.

Durante a formação no P2G, a Alberta reparou numa reação positiva por parte do Rodrigo perante as competências e procedimentos do P2G. Ele gostava de estar com a Alberta e começou a envolver outras crianças na sua brincadeira. Para a Alberta existiram alguns desafios que se tornaram particularmente evidentes durante o processo: a luta para usar as competências de uma forma natural, não automatizada, e o confronto com a sua tendência natural para elogiar e estimular as crianças. A necessidade de se abster de intervir e de deixar a criança assumir a liderança foi uma das suas dificuldades mais acentuadas, como ela própria realça na última entrevista: “Porque eu tinha a estimulação em mente, para mim foi muito importante, muito importante, e sem a estimulação eu sentia-me perdida durante as filmagens, fiquei bloqueada, houve momentos em que não soube o que dizer”.

Relativamente ao impacto desta implementação experimental do P2G nas experiências do Rodrigo, a Altera refere que o Rodrigo revelou níveis mais elevados de bem-estar, menos conflitos com outras crianças e mais atenção e empatia para com outras crianças. Na perceção de Alberta, os ganhos mais evidentes na sua própria aprendizagem foram o aceitar a criança de uma forma mais autêntica (“(…) Penso realmente que estas competências permitem aceitar a criança de uma forma realmente autêntica, sem a questionar (…) essa foi uma das coisas mais importantes que aprendi, aceitando realmente a criança sem interferir com a minha avaliação, com a minha estimulação”), e também identificando e valorizando os sentimentos positivos e o bem-estar numa leque mais vasto de situações diárias. (“Às vezes não temos consciência do que estamos a fazer e cheguei à conclusão de que eu descrevia sentimentos em situações de conflito, de desconforto ou quando nos reuníamos num grande grupo (…) Não sei porquê, nunca tinha refletido (…) e realmente não faz sentido, pois não? Nós devemos também descrever sentimentos noutros momentos e é engraçado que o Rodrigo comece a usar… ele diz “Estou feliz”, “Isto foi incrível”. Não valorizei os momentos mais positivos, os momentos mais agradáveis”). Para além disso, a Alberta salientou, na sua última entrevista, que o envolvimento no P2G foi apenas a primeira fase do seu percurso de aprendizagem e considera que seriam necessárias mais experimentação, mais  observação e mais reflexão.

Veja aqui a história da Alberta  Professional story.Alberta.Rodrigo